quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Kuan Yin e os seus significados



Ela é a Grande Mãe, Deusa da Compaixão.

O seu nome completo é Kuan Shin Yin, que significa "Aquela que ouve o choro do mundo".

Kuan Yin é a criadora do som.

Ela é a potência mágica do som oculto com a natureza, evocando a ordem em todo o Universo.

Os seus símbolos: Vaso/jarra com água, ramo de salgueiro, arco e flecha, lótus, pombo, dragão e colar.

Dia: Sexta-feira.

Cor: Branco, rosa e violeta.

Flores: Lírios, palmas e rosas brancas, jasmim.


A Arte de Viver o Dia-a-Dia: A Felicidade




Todos os homens, sem excepção, desejam ter uma vida feliz e esforçam-se para a conquistar. Alcançar a liberdade e a igualdade significa, em última análise, viver uma vida feliz. Muitas guerras foram travadas com esse propósito. Até parece que toda a história humana é a história da luta pela conquista da felicidade. Todos os nossos projectos dirigem-se para esse objectivo, todas as nossas energias são despendidas para alcançá-la. Parece que a felicidade é o objectivo último da vida. Vamos examinar o que é essa felicidade que todos nós procuramos, e o caminho que percorremos para a conquistar.

O que é a felicidade? Precisamos conhecer com clareza o objectivo da nossa procura. Se não o conhecemos, os nossos esforços talvez sejam em vão. Os antigos gregos pensavam que a felicidade era o bem. Mas, na Idade Média e na Idade Moderna, o significado formal de Aristóteles – o bem é a felicidade – foi alterado para o significado mais materialista de que a felicidade é o prazer ou a ausência de dor. John Stuart Mill (filósofo, economista e um dos pensadores mais liberais do séc. XIX de Inglaterra), na sua obra “O Utilitarismo”, afirma: “Por felicidade, entende-se o prazer e a ausência da dor; por infelicidade, a dor e a ausência de prazer”. Stuart Mill estabelece diferenças qualitativas para o prazer. John Dewey (filósofo e pedagogo norte-americano) faz distinção entre felicidade e prazer, afirmando que a felicidade é permanente e universal, um sentimento do ser como um todo, enquanto, que o prazer seria transitório e relativo, um sentimento de alguns aspectos do ser. Aristóteles afirma que o bem do homem – a felicidade – é uma actividade da alma de acordo com a virtude; ou, se houver mais de uma virtude, então a felicidade estará de acordo com a melhor e mais perfeita virtude. Já Spinoza (filósofo holandês) afirma que a felicidade não é o prémio da virtude, mas sim a própria virtude.

Em sânscrito, a felicidade é chamada de sukha. A sukha inclui tanto o estado relativamente estático a que damos o nome de felicidade quanto a momentos conscientes desse estado, ao qual a nossa psicologia se refere como um sentimento prazeroso ou agradável. A sukha aplica-se igualmente à saúde física, ao bem-estar material e à beatitude espiritual.

O budismo divide em três o sentimento: sukha, felicidade; dukha, dor; e adukhamasukha, sentimento neutro.

O sentimento neutro é idêntico à felicidade – ou seja, à felicidade do tipo mais subtil. Aos prazeres e à felicidade que têm origem nos cinco sentidos, chamamos de felicidade dos desejos mundanos. A espécie mais subtil de alegria surge em conexão com a prática do dhyana (meditação). No último estágio do dhyana, todos os sentimentos positivos, alegria ou melancolia, fundem-se no sentimento neutro ou indiferença; a perfeita clareza da mente é alcançada e a ignorância é banida, de modo que a consciência fica em estado de completa equanimidade e clareza mental. Sidgwick (economista e filósofo inglês) afirma que a felicidade budista é um hedonismo universal, porque ela não é egoísta nem altruísta. A missão de Buda não era apenas superar a dificuldade, mas também alcançar o bem e a felicidade de todos os seres: trazer felicidade para si mesmo e para os outros. No budismo, o esforço em direcção a um objectivo é felicidade – em contraposição aos ascetas hindus que tudo sacrificam por um objectivo.

Vamos agora trazer este tema para o nosso dia-a-dia. Alcançamos a felicidade de muitas maneiras na nossa vida diária. No entanto, podemos dividi-la em três categorias: a felicidade física, a material e a espiritual. Por física, quero dizer que a pessoa é feliz porque é saudável, simpática ou bonita. Em termos materiais, ela é feliz porque é rica, mora numa boa casa, tem um belo carro, muitas roupas, jóias e uma despensa bem abastecida. A felicidade mental ou espiritual está na amizade e no amor. A felicidade é criada quando a pessoa recebe honras, louvores, simpatia, conforto, etc.

Estas condições de felicidade dependem de causas externas. A felicidade é alcançada pela posse de alguma coisa ou pelo recebimento de alguma coisa. Portanto, quando a causa da felicidade deixa de existir ou é destruída, a felicidade também desaparece. Ela está além do nosso controlo. Vejamos alguns exemplos. A sua felicidade física: você é jovem e bonito, é simpático, tem boa saúde e é forte. Com efeito, você é feliz e grato por isso. Mas, vamos supor que você sofre um acidente e fica aleijado, ou doente; a sua felicidade não pode mais depender da sua saúde. E é claro que, com o passar dos anos, a sua beleza e vigor se irão desvanecer. Portanto, não se pode depender da saúde, da beleza e do vigor para a felicidade verdadeira e eterna, embora estes sejam factores importantes da nossa felicidade. Devemos alcançar uma outra felicidade que não a física, a fim de podermos desfrutar a vida e ser felizes e gratos, mesmo que estejamos doentes, velhos ou aleijados.

Kenkô, famoso monge budista e autor de Tsurezuregusa, disse certa vez: “não vale a pena termos um amigo que nunca experimentou a doença”. Uma pessoa saudável, que nunca esteve doente, não compreende o verdadeiro sentido da compaixão e da bondade. Uma pessoa assim tão saudável tende a tornar-se obstinada e a criar atrito e discórdia. Num caso desses, a saúde não é uma fonte de felicidade, mas sim de problemas. Também é evidente que a felicidade material é incerta e duvidosa. Nesta nossa época regida pelo culto à riqueza, o dinheiro é tudo. As pessoas acreditam que o “omnipotente cifrão” pode comprar tudo e todos. Na verdade, o dinheiro é muito importante neste nosso mundo tão consciente dos valores monetários. Mas a felicidade que é comprada com dinheiro irá se dissolver quando o dinheiro acabar. O dinheiro trás felicidade, sim, mas ao mesmo tempo traz miséria. Logo, o dinheiro não é o caminho para a felicidade. Um belo carro, uma boa casa, boa comida, roupas finas e outros pertences estão na mesma categoria. Estas coisas são importantes e trazem felicidade, mas são duvidosas e incertas; e muitas vezes, trazem o sofrimento através da destruição do roubo ou da inveja. Tão-pouco podemos depender da felicidade trazida pelo amor, pela amizade, pela simpatia e pela bondade dos amigos, pois o amor frequentemente se transforma em ódio e os amigos em inimigos, já que todas essas coisas são relativas. A felicidade trazida por meios físicos, materiais e mentais é alcançada através de causas externas. E é exactamente por isso que não se pode depender dela. Devemos, portanto, procurar as causas internas da felicidade, não as suas causas externas.

O budismo ensina-nos a olhar o âmago das coisas, em vez de olhar à volta delas. Devemos olhar para o interior de nós mesmos, a fim de vermos o que cria a felicidade. Por exemplo, ser amado é felicidade, mas amar também é felicidade. É fonte de felicidade receber-se alguma coisa; mas também dar e compartilhar é felicidade. A felicidade do doador é mais rica e permanente que a do receptor. No espírito do verdadeiro dar, compartilhar e amar, não há limites. A felicidade é o próprio amar e compartilhar, não necessariamente o seu resultado. A verdadeira satisfação do trabalho é o próprio acto de trabalhar, não o resultado do trabalho. A verdadeira felicidade não é aquela que recebemos de fora, mas sim aquela que é criada dentro de nós. O homem moderno em geral é um “buscador de resultados”. A sua atitude é a de fazer alguma coisa se esta lhe trouxer algum benefício; pois, se não obtiver lucro, de que adianta fazer alguma coisa? Os buscadores de resultados são os buscadores de lucro. Em outras palavras, o homem moderno pensa que o fim é mais importante que os meios. Alguém disse que duas ideologias modernas estão representadas por Estaline e Gandhi: o caminho de Gandhi é que os meios são tão importantes quanto o fim, enquanto, para Estaline  o fim é tão importante que justifica os meios. Os budistas aprendem que todos os passos e todos os meios são muito importantes. Cada meio é, em si, um fim. Para o artista, o músico e o escultor, o trabalho em si é prazer e felicidade; mas, para aquele que só pensa em dinheiro, o trabalho nada mais é que um meio de ganhar dinheiro. Trabalho significa dor e sofrimento; o sofrimento precisa de ser compensado gastando dinheiro: esta é a vida moderna. Sinto muita pena das pessoas que vivem esse tipo de vida. A pessoa mais feliz e afortunada é aquela que gosta do seu trabalho, além de ganhar dinheiro com ele.




O verdadeiro caminho para a felicidade é a percepção da nossa própria vida. É o desabrochar do ser como um todo. O verdadeiro caminho para a felicidade está no dar, não na felicidade do receber. Precisamos de encontrar o caminho do amar, não o de sermos amados. A vida do eterno dar, amar, compartilhar e apreciar o trabalho é sempre criativa e infinita, enquanto os outros caminhos para a felicidade levam a fracassos e desapontamentos. A verdadeira felicidade não nos é dada – nós a criamos. Se você é infeliz, não culpe os outros ou o meio ambiente. É a sua mente, a sua atitude, que o fazem sentir-se miserável. Pode ser útil mudar de casa ou de emprego, mas essa não é a cura completa para o seu problema e a sua infelicidade. 

A atitude correcta e uma mente clara e correcta são o caminho para a felicidade.



Budismo Essencial

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Lei do Karma





 


Para se definir karma, devemos primeiro saber o que o karma não é.

Geralmente as pessoas confundem esse conceito ligando-o muito a um uso causal. Normalmente as pessoas falam resignadamente sobre uma situação em particular e fazem uso da ideia de Karma para se reconciliarem com ela (situação). Quando as pessoas falam de Karma desta maneira, subentende-se que Karma é um veículo de fuga assumindo todas as características de uma crença em predestinação, ou destino. E com certeza este não é o significado correcto de Karma.

Num nível mais fundamental, a Lei do Karma ensina-nos que certo tipo de acção leva-nos inevitavelmente a resultados similares. Se fazemos algo beneficente, cedo ou tarde obteremos um resultado beneficente, e se fazemos algo danoso inevitavelmente obteremos um resultado danoso.

No ensinamento Budista, a lei do karma, diz somente isto: "para todo o evento que ocorre, seguirá um outro evento cuja existência foi causada pelo primeiro, e este segundo evento poderá ser agradável ou desagradável se a sua causa foi benfazeja ou não".

Um evento benfazejo é aquele que não é acompanhado por cobiça, resistência ou ilusão; um evento incorrecto é aquele que é acompanhado por uma dessas coisas, (eventos não são correctos por si só, mas eles são chamados assim somente em virtude dos eventos mentais que ocorrem com eles).

Logo, a Lei do Karma prega que responsabilidade para as acções incorrectas nasce da pessoa que os comete. O Karma não está condicionado à crença na reencarnação, mas sim, é parte daquela doutrina. Não se tem que acreditar em vidas anteriores para aceitar o Karma.

Karma significa "acção". Literalmente, alguma coisa "que inicia um movimento em algum tempo no passado" tem um efeito em algum outro tempo. Portanto, Karma pode surgir na nossa vida actual tanto, quanto de uma outra passada.

O Karma é frequentemente descrito com alguma coisa negativa ou "ruim", mas pode ser também positivo e "bom". Na verdade Karma é neutro. Karma é um constante equilíbrio de forças entre nós mesmos e o mundo em que vivemos. É um sistema dinâmico, auto-ajustável no qual existe um feedback constante de acordo com a maneira com a qual nós aceitamos ou recusamos as nossas experiências a cada momento. A nossa reacção e atitudes diante da experiência é mais importante que a própria experiência.

Os termos "bom karma" e "mau karma" são usados no Budismo não no sentido de "bem e mal", mas sim num sentido de (kushala) inteligente, habilidoso, beneficente e (akushala) não inteligente, inábil e prejudicial.

Logo as acções são beneficentes quando elas são benéficas para a própria pessoa e para os outros, e consequentemente são motivadas não pela ignorância, apego e aversão mas, por sabedoria, renúncia ou desapego, e amor e compaixão. Pois o karma é uma acção intencional, consciente, deliberada e voluntária.

Para as acções sem intenção, tais como caminhar, dormir, respirar, não existem consequências morais, portanto elas constituem um karma neutro. As acções prejudiciais que devem ser evitadas estão relacionadas com as chamadas - Três Portas da Acção - que são: corpo, mente e voz.

Existem três acções prejudiciais do corpo, quatro da voz e três da mente.

As três acções prejudiciais do corpo são:
1 – Matar;
2 – Roubar;
3 – Comportamento sexual impróprio.

As quatro acções prejudiciais da voz são:
4 – Mentir;
5 – Discurso cruel;
6 – Calúnia;
7 – Fofoca maliciosa.

As três acções prejudiciais da mente são:
8 – Avareza;
9 – Raiva;
10 – Ilusão.

Evitando-se estas dez acções prejudiciais nós poderemos evitar as suas consequências similares.

Acções insalubres produzem resultados insalubres na forma de sofrimento, considerando que acções saudáveis resultam em efeitos saudáveis, ou felicidade. Os efeitos de acções são semelhantes às suas causas.
Toda a causa tem o seu efeito. Porém, deve existir condições sob as quais as acções são executadas.

As condições que determinam a força ou peso do Karma aplicam-se ao sujeito e ao objecto da acção. Além disso, há cinco condições que modificam a força do Karma:

1 – Acção persistente, repetida;
2 – Acção feita com grande intenção e determinação;

3 – Acção feita sem pesar;

4 – Acção feita para esses que possuem qualidades extraordinárias;

5 – Acção feita para esses que têm beneficiado alguém no passado.


Embora o Budismo enfatize o Karma, ele rejeita o destino. A pessoa deveria fazer boas acções o tempo todo, e deixar que todas as condições boas surjam de forma que:

1 – Uma má retribuição tenha poucas oportunidades em se tornar um efeito
2 – Uma boa retribuição fique mais significante para aumentar as nossas vidas em felicidade e bem-estar.

Pessoas que vêm o Karma como uma coisa fixa ou um destino irrevogável jamais terão as suas vidas alteradas. Tudo o que elas terão que fazer será seguir o plano traçado para elas e assim elas estarão alinhadas com os seus Karmas. Por outro lado, as pessoas que vêm o Karma como algo fluído, sempre em desenvolvimento, descobrirão sempre uma nova maneira para responder em vez de agir cegamente e sempre da velha maneira. Isso significa que esta pessoa é responsável para criar novas situações em vez de lidar com o "velho karma" de outras vidas.

Vamos adoptar como exemplo uma série de eventos.

Uma sensação desagradável acontece. Um pensamento sugere que a origem desta sensação desagradável foi uma pessoa, (este pensamento é uma ilusão; logo qualquer acção baseada nele será incorrecta).

Um pensamento sugere que algumas dessas sensações desagradáveis vieram da mesma pessoa, (este pensamento é uma outra ilusão).

Isto é seguido por uma decisão incontrolável de dizer palavras que produzirão uma sensação desagradável na qual é percebida como se fosse uma pessoa, (esta decisão é um acto de hostilidade).

De todos os eventos descritos até agora, somente este é chamado de karma.

Palavras são cuidadosamente escolhidas na esperança de que quando elas forem ouvidas, causarão dor. As palavras são pronunciadas em voz alta, esta é a execução da decisão de ser hostil. Isto também pode ser classificado como um tipo de karma, apesar de tecnicamente ser um depois-do-karma.

Existe uma sensação visual das sobrancelhas enrugadas e a boca caída nos cantos. O pensamento surge que a outra pessoa foi afectada. O pensamento sugere que o sentimento da outra pessoa foi ferido. Existe uma sensação agradável de sucesso ao perceber que a pessoa foi ofendida verbalmente. Eventualmente (talvez muito depois) exista uma sensação desagradável de arrependimento, talvez adquirindo a forma de uma sensação de medo que o "inimigo" possa retaliar, ou talvez adquirindo a forma de remorso por ter agido impetuosamente, como uma criança imatura, na esperança de que ninguém se vá lembrar dessa acção, (este arrependimento ou medo é o desagradável amadurecimento do karma, a decisão incorrecta de infligir dor através das palavras).

Se não existe nenhuma pessoa, então não existe o eu e o outro. Não existe distinção entre a dor na qual existe uma consciência sensorial directa (que convencionalmente chamada de "a própria dor") é a dor conhecida por inferência (convencionalmente chamada de "a dor do outro").

Tanto a dor conhecida directa ou indirectamente, existe uma tendência a cultivá-la. Se a alegria é conhecida directa ou indirectamente, pode existir tanto uma necessidade para a rejeitar quanto para a cultivar. No modo popular, a necessidade para rejeitar a dor e cultivar toda a alegria é conhecida como ser ético ou habilidoso ou (se preferir) bom. A necessidade para se cultivar a dor e rejeitar a alegria é conhecido como sendo inapto, sem ética ou mau.

Se todos nós pusermos os ensinamentos de Buda em prática, não há dúvida alguma que alcançaremos os seus benefícios.

Se nós procurarmos evitar prejudicar os outros, se nós tentarmos o nosso melhor para ajudar os outros quando possível, se nós aprendermos a estar atentos, se nós aprendermos a desenvolver a nossa habilidade de concentração, se nós cultivarmos a sabedoria através do estudo, a consideração cuidadosa, e a meditação, não há nenhuma dúvida que o Dharma nos beneficiará. Nos conduzirá à felicidade e prosperidade primeiro nesta vida e depois nas próximas. Eventualmente, nos conduzirá à meta da libertação final, a felicidade suprema do Nirvana.

 

Se acendes uma lâmpada....




"Se acendes uma lâmpada para alguém ela também iluminará o teu caminho."
 
Buda