quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Budismo...a valentia da Alma




Se quer milagres não procure o budismo.
O supremo milagre para o Budismo é lavar o seu prato depois de comer.
Se quer curar o seu corpo físico, não procure o Budismo... O Budismo só cura os males da sua mente: ignorância, fúria e desejos desenfreados.
Se quiser arranjar emprego ou melhorar a sua situação financeira, não procure o Budismo... Irá decepcionar-se, pois ele vai falar-lhe sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia.
Se quer poderes sobrenaturais, não procure o Budismo... Pois nele, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo.
Se quer triunfar sobre os seus inimigos, não procure o Budismo.... Para o Budismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.
Se quer a vida eterna num paraíso de delícias, não procure o Budismo... pois ele matará o seu ego aqui e agora.
Se quer protecção divina, não procure o Budismo... Ele só lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo.
Se quer massajar o seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o Budismo... A casa de Buda não é a casa da inflação dos egos.
Se quer alguém que perdoe as suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o Budismo... pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.
Se quer um caminho para Deus, não procure o Budismo... Ele o lançará no vazio.
Entretanto, ao praticar os ensinamentos de Buda, dentre inúmeras coisas inexplicáveis, você perceberá que ...
... milagres se sucedem, continuadamente; ... os seus males desapareceram, como que por encanto; ... a sua vida melhorou, e você nem sabe bem o porquê; ... aconteceram ajudas misteriosas; ... você passou a lembrar-se cada vez menos de si e cada vez mais dos outros;
... a sua atenção no PRESENTE é cada vez mais viva; ... a RESPONSABILIDADE pelos seus pensamentos, palavras e actos cresceu, e continua crescendo, como nunca; ... a PRESENÇA de Deus inunda TUDO, até mesmo dentro do VAZIO que não tem nome.
(Texto: André Luíz Barbosa)

Budismo – Em que é que consiste

Disse Buda:

“Não devemos crer em algo meramente porque seja dito.
Nem em tradições só porque elas vêm sendo transmitidas desde a antiguidade.
Nem em rumores e em textos de filósofos porque foram esses que os escreveram.
Nem em ilusões supostamente inspiradas em nós por um Deva (ou seja, através de inspiração espiritual).
Nem em ilações obtidas de alguma suposição vaga e casual.
Nem porque pareça ser uma necessidade análoga.
Nem devemos crer na mera autoridade dos nossos instrutores ou mestres.
Entretanto, devemos crer quando o texto, a doutrina ou os aforismos forem corroborados pela nossa própria razão e consciência.
Por isso vos ensinei a não crerdes meramente porque ouvistes falar. Mas quando houverdes acreditado de vossa própria consciência, então, devereis agir em conformidade e intensamente.”


BUDISMO - EXPLICAÇÕES GERAIS

O que é o Budismo?
O budismo é o conjunto de tradições religiosas que surgiram a partir dos ensinamentos de Buda. Ele não inventou estes ensinamentos - o Dharma - mas sim re-descobriu verdades atemporais que já tinham sido ensinadas pelos seres iluminados das eras passadas. Actualmente, o budismo é a religião mais difundida na Ásia, onde conta com aproximadamente 300 milhões de seguidores. Os primeiros contactos do budismo com o Ocidente aconteceram há muito tempo, mas somente a partir do século XIX é que houve um interesse maior por parte dos ocidentais.


O budismo é religião, uma filosofia, um sistema de psicologia?
A tradição budista abrange e transcende todos estes aspectos. Como religião, o budismo procura-nos "religar" (re-ligare) à nossa verdadeira natureza. Como filosofia, o budismo enfatiza o "amor à sabedoria" (philo-sophia) no sentido mais elevado. E como psicologia, o budismo oferece um vasto "conhecimento da mente" (psykhe-logos). Acima de tudo, o budismo oferece um caminho que conduz ao fim do sofrimento.


O budismo é uma ciência?
Às vezes o budismo é descrito como uma "ciência da mente", no sentido de oferecer um sistema de conhecimento profundo do funcionamento da mente. Os métodos usados por Buda para analisar a natureza das coisas são praticamente científicos. Os seus ensinamentos surgiram a partir da profunda contemplação das leis naturais de causa e efeito e podem ser atestados por qualquer pessoa, independente das suas crenças. O próprio Buda recomendou que os seus discípulos devem analisar os ensinamentos e não simplesmente aceita-los por mero respeito.


Quem é o "chefe" do budismo?
O budismo não possui uma hierarquia centralizada; cada tradição possui a sua própria estrutura organizacional. Muitos pensam que Sua Santidade o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, é o "chefe" do budismo. Na verdade, Sua Santidade é o líder espiritual do povo do Tibete, ocupando uma importante posição dentro tradição tibetana Gelug. Entretanto, o Dalai Lama não é o "chefe" do budismo, pois este posto nem sequer existe. Muitos praticantes budistas de outras tradições budistas e não-budistas têm grande respeito por ele.


Como são os ensinamentos budistas?
Há algumas características que permeiam os ensinamentos de Buda.
Qualquer ensinamento que esteja de acordo com estas características pode ser considerado budista:
Todas as coisas condicionadas (ou seja, que surgem de causas) são insatisfatórias
Todas as coisas condicionadas são impermanentes
Todas as coisas (condicionadas e incondicionadas) são destituídas de um "eu" ou de uma essência independente.

Apenas o nirvana oferece paz verdadeira. Algumas pessoas pensam que o "budismo é pessimista", que "só fala de sofrimento" e "nega a felicidade".
Na verdade, o budismo adopta uma visão realista dos nossos problemas e oferece um caminho que conduz à mais elevada felicidade.


O que é o despertar?
O despertar, ou iluminação, é o estado mais elevado de virtude e sabedoria. No budismo não existe o conceito de "pecado original" porque todos os seres têm o potencial de atingir o despertar.
Existe a iluminação dos ouvintes (shravaka-bodhi), aqueles que ouviram os ensinamentos de Buda e atingiram o despertar
A iluminação dos realizadores solitários (pratyeka-bodhi), aqueles que atingiram a iluminação sem precisar de ouvir os ensinamentos de um Buda
E a iluminação completa e perfeita (samyaksam-bodhi), atingida apenas pelos Budas.

Estes três tipos de iluminação são progressivamente mais profundos e mais difíceis de atingir.


O que é o Nirvana?
O Nirvana é a mais alta felicidade, um estado completamente além do sofrimento. Todos aqueles que atingiram algum grau de iluminação desfrutam da paz do nirvana.
Aqueles que atingem o nirvana nunca mais estão sujeitos ao renascimento no samsara - a existência cíclica - porque estão além do ciclo da morte e renascimento.
O samsara é condicionado, isto é, surge de causas e condições
Já o nirvana é incondicionado, não depende de causas e condições.
Por isso, o nirvana não é um lugar, pois transcende o espaço, o nirvana é eterno, pois transcende o tempo.
O nirvana não é a "extinção do ser", mas sim a "extinção do sofrimento".


Quais são os principais ensinamentos do Budismo?

São as quatro nobres verdades:
1 - Todos os seres estão sujeitos ao sofrimento (velhice, doença, morte, insatisfação...)
2 - O sofrimento surge de causas (cobiça, raiva, ignorância...)
3 - Ao eliminarmos as causas, o sofrimento é eliminado
4 – Ao praticar-se o nobre caminho óctuplo, o sofrimento e as suas causas são eliminados.

O que é o Nobre Caminho Óctuplo?
É o caminho ensinado por Buda que conduz ao despertar. Ele recebe este nome por ser dividido em oito práticas, geralmente agrupadas em três exercícios.


Os Três Treinos Superiores
O Nobre Caminho Óctuplo
I - Sabedoria
1 - Visão Correcta
2 - Pensamento Correcto
II - Ética (ou Moralidade)
3 - Fala Correcta
  4 - Acção Correcta
        5 - Meio de Vida Correcto
III - Meditação
6 - Esforço Correcto
 7 - Atenção Correcta
    8 - Meditação Correcta

Com o treino da ética, a nossa mente chega a um estado tranquilo, propício à meditação. E com o treino da meditação, é possível chegar à sabedoria que conduz ao despertar. O nobre caminho óctuplo também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.


O que é a Sabedoria?
O termo sabedoria não se refere a um mero conhecimento intelectual. Sabedoria é o estado mental que conhece a verdadeira natureza das coisas. Entre as principais características da sabedoria, pode-se enfatizar o desapego e a compaixão - o serviço activo pelo benefício dos outros.


O que é a Ética?
No budismo não há a ideia de "pecado", de uma ofensa causada pela quebra de um mandamento. Entretanto, existem alguns preceitos básicos que constituem a ética budista:

- Não matar
- Não roubar
- Não ter uma conduta sexual imprópria
- Não mentir

Desta forma, são evitadas as acções que resultam em frutos negativos. Em seu lugar, os budistas cultivam as acções que conduzem a frutos positivos:

- Praticam a bondade amorosa
- A generosidade
- O contentamento
- A honestidade
- E a atenção plena.


O que é a Meditação?
A meditação é um treino para purificar a mente dos seus aspectos negativos - cobiça, raiva, ignorância - e em seu lugar cultivar os aspectos positivos - generosidade, compaixão, sabedoria.
Existem diferentes estilos de meditação budista que foram preservadas por diversas tradições.


O que é o karma?
Karma significa acção. Este termo refere-se à lei natural da causa e efeito, as acções e os seus frutos. As acções podem ser feitas através da mente (os pensamentos), da fala (as palavras) e do corpo (as acções propriamente ditas). A analogia mais usada para explicar o karma é a do plantio de uma semente, que amadurece e faz surgir frutos. As acções hábeis (positivas) criam virtudes e conduzem à felicidade, enquanto as acções inábeis (negativas) criam a não-virtude e conduzem ao sofrimento.
Apenas os seres iluminados não produzem mais karma, embora ainda estejam sujeitos aos frutos das acções anteriores.


O que é o renascimento?
É o processo pelo qual os seres nascem novamente após a morte num dos reinos da existência - entre os deuses, semideuses, humanos, animais, espíritos famintos ou seres dos infernos. O que determina o renascimento é o karma criado anteriormente. Todos os seres que nascem nestes reinos estão sujeitos à velhice, doença, morte e renascimento.
Somente ao atingirem a iluminação eles se tornam livres deste ciclo. A palavra "reencarnação" não é muito apropriada pois, segundo o budismo, o que continua é o impulso kármico e não há uma "alma" ou "espírito" imortal migrando de um corpo para outro.


Os budistas acreditam em deuses?
O conceito budista de "Deus" é diferente do conceito ocidental de um ser supremo, todo-poderoso, criador de todas as coisas.
Os deuses não são omnipotentes, omnipresentes ou omniscientes. São apenas seres que acumularam grande virtude e renasceram em reinos onde desfrutam de muitos prazeres e longa vida. Mesmo assim, eles continuam sujeitos à morte e à queda nos outros reinos.
Portanto, no budismo não existe a figura de um criador, ao qual devemos idolatrar e servir, nem a ameaça de sermos julgados e arremessados para o inferno caso não obedeçamos.
A meta da prática espiritual não é a de fugir para um paraíso, deixando os outros seres para trás, mas sim atingir a iluminação e trazer benefícios para todos - não apenas aos seres humanos, mas para todos os seres sem excepção.


Como surgiram o Universo e os Seres?
No budismo não existem mitos sobre a "criação". Não houve uma "causa primeira", não aconteceu um evento inicial isolado que possa ser rotulado como "a criação", nem haverá um evento final que possa ser chamado de "o fim do mundo".
O tempo não tem início nem fim, da mesma forma, os reinos da existência cíclica não têm início nem fim.
Todas as coisas surgiram das suas próprias causas e condições e estão sujeitas à cessação de acordo com essas mesmas causas e condições.


Quais são as Escrituras Budistas?
O cânone budista é conhecido como Três Cestos ou Tripitaka. Ele recebe este nome porque os ensinamentos de Buda foram compilados em três grupos.
Os discursos atribuídos a Buda e aos seus discípulos foram registados em textos conhecidos como Sutras.
As regras monásticas foram registadas num conjunto de textos intitulado Vinaya.
Finalmente, os textos que lidam com questões metafísicas compõem o Abhidharma.

O que são as Escolas Budistas?
Conforme se foi espalhando pela Ásia ao longo dos séculos, a comunidade budista - a Sangha - adaptou-se às necessidades locais e fez surgir diversas tradições, ou escolas.
Todas as tradições autênticas possuem um núcleo comum de ensinamentos, como as quatro nobres verdades, o nobre caminho óctuplo etc. Cada escola enfatiza determinados aspectos e práticas do ensinamento budista. Conhecendo as diversas tradições, também podemos apreciar um pouco das belíssimas culturas orientais. No sul e sudeste asiático, a tradição predominante é a Theravada.
Na China, na Coreia, no Japão e no Vietname, desenvolveu-se o grande veículo ou Mahayana, cujas vertentes mais conhecidas são a escola Zen e a escola Terra Pura.
Já no Tibete, Nepal, Mongólia e outras regiões próximas aos Himalaias, o budismo tântrico ou Vajrayana fez surgir quatro escolas - Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug.


Quem foi Buda?
Siddhartha Gautama, o Buda histórico, viveu no norte da Índia por volta dos séculos VI-V a.C. Depois de renunciar à sua riqueza para procurar o fim do sofrimento, ele meditou durante muitos anos e finalmente atingiu a iluminação ou despertar. A partir de então, ele passou a ser conhecido como "O Buda" - o Desperto, o Iluminado - e dedicou-se ao ensinamento do caminho que conduz ao despertar. No fim da sua vida, "O Buda" entrou em parinirvana, a libertação final, a paz suprema.


Buda era gordo?
Não. O Buda histórico era um monge que se alimentava apenas uma vez por dia e passava boa parte do seu tempo a caminhar, indo a diversos lugares para ensinar e meditar. Já a figura corpulenta, popularmente conhecida como o "Buda da Felicidade" ou "Buda Sorridente", na verdade refere-se a um monge budista chinês que viveu muitos séculos depois do Buda histórico.


Buda era um deus todo-poderoso?
Muitos hindus consideram Buda como um avatar (emanação) de uma divindade chamada Vishnu. Entretanto, Buda nunca afirmou ser um "deus", "filho de deus" ou algum "profeta enviado de deus". A sua sabedoria era omnisciente, mas nunca afirmou ser omnipotente. Buda foi um ser humano como todos nós, e todos nós temos o potencial de atingir a iluminação.


Buda era um salvador?
Buda nunca se apresentou como um salvador, nem exigiu que os seus seguidores o servissem ou o adorassem para conseguirem a salvação. Ele também nunca os chantageou com a ameaça de deixa-los cair no inferno. Ao invés disso, Buda foi um mestre extremamente compassivo com os seus discípulos. Os seus ensinamentos valorizam a sabedoria e a compaixão como caminho para o despertar. No budismo, a libertação não depende necessariamente da fé ou das orações, mas sim da nossa prática da virtude e da sabedoria.


PROSTRAÇÕES
A prostração é um gesto de reverência profunda. Reverenciar Buda gera muito mérito, e em particular a prática/voto de refúgio é a maneira pela qual nos tornamos receptivos aos ensinamentos e ao treino budista.

Reverenciamos Buda em corpo, fala e mente. Isto é, ao mesmo tempo em que pensamos nas qualidades e na realização de Buda e nos admiramos e enchemos de emoção, expressamos isto através de orações e de acções corporais, preferencialmente simultaneamente, mas também como for possível e sempre que nos lembrarmos.

A prostração purifica os venenos mentais, particularmente o orgulho. Também é um bom exercício vitalizante, e meditadores precisam de exercício físico por passarem tanto tempo sentados.
Além disso, como já disse, o mérito gerado é muito grande, e precisamos de mérito para nosso benefício em termos mundanos (temporário; saúde, sobrevivência, bem-estar) e no sentido do Dharma também (para sermos capazes de encontrar e aproveitar o Dharma que encontramos e consuma-lo).

Para executar as prostrações pomo-nos de pé, colocamos as mãos na mudra da oração (palmas juntas, levemente curvadas - só a base da palma e as pontas dos dedos se encontram - e dedos relaxados, com as pontas levemente dentro da curvatura formada) à altura do coração (ao centro do peito, não na frente do coração).
Simultaneamente visualizamos à frente, elevado a uma altura um pouco acima do horizonte, o Buda Shakyamuni, com os arhats ( termo em sânscrito usado nas religiões orientais para designar um ser de elevada estatura espiritual) de um lado, bodhisattvas (seres de sabedoria elevada, que seguem uma prática espiritual que visa remover obstáculos e beneficiar todos os demais seres sencientes, outro significado para bodhisattva refere-se a todas as forças de pureza dentro da mente) do outro, os mestres da linhagem, assim por diante, formando um campo de refúgio. Se for muito complicado, podemos apenas visualizar Buda, ou apenas imaginar a sua presença, como se ele estivesse mesmo ali em pessoa. Pode haver uma imagem ou um altar para nos lembrar da forma de Buda. Mas é importante não se prostrar apenas à forma de Buda, é preciso lembrar que essa forma é vazia. Uma prostração perante apenas a forma (visualizada ou física) acumula mérito, mas não é o mais correcto.
Para incrementar o mérito, podemos visualizar também todos os seres prostrando-se connosco. Se for difícil visualizar uma multidão, começamos pelos nossos pais, amigos, inimigos, quem vier à mente.

Começamos então a recitar uma prece ou apenas ficamos em silêncio. Um voto de refúgio comum na tradição tibetana é:

"No Buda, no Dharma e na excelente assembleia da Sangha,
até que alcance a iluminação, neles eu tomo refúgio.
 
Através da minha prática das seis perfeições,
possam todos os seres sencientes alcançar o estado búdico."

No caso dos quatro versos, acima mencionados, pode-se recitar dois durante a descida e dois durante a subida.

Enquanto recitamos ou ao final da recitação, ou em silêncio, colocamos as mãos ainda no gesto de oração no cimo da cabeça, na frente da garganta e ao peito novamente. Então descemos ao chão e ficamos deitados de bruços, com as mãos esticadas à frente. Ainda no chão, colocamos as mãos na mudra da oração à altura da nuca.

Levantamo-nos e colocamos as mãos à altura do coração novamente.

Se não houver espaço para se esticar completamente para a frente, na forma curta apenas tocamos no chão com a testa.

Repetimos o movimento em geral no mínimo três vezes.

A prostração deve ser executada sempre que possível, mas em geral ao acordar, antes da prática diária. Todas as vezes que estamos diante de um monumento sagrado, ou entramos numa sala de prática. Todas as vezes que um mestre se senta para dar ensinamentos, e assim por diante.

Em geral não nos prostramos como forma de despedida, ou seja, ao final, mas podemos prostrar-nos quando quisermos, desde que não incomodemos ninguém.

Algumas vezes em ensinamentos menos formais e com muitos iniciantes, particularmente num auditório que não seja especialmente consagrado ao dharma, pode ser inadequado ou pelo menos estranho prostrar-se. Também podemos não nos prostrar em outros casos, particularmente quando de facto ainda não nos sentimos inclinados a tomar o refúgio. Porém, para aqueles que tomaram o refúgio, é uma prática excelente.
Diz-se que se alguém assiste à prostração de outra pessoa, isso já gera um mérito incomensurável para esta pessoa que está apenas a ver o gesto, que se dirá de quem o realiza. Sem falar que purificar os venenos da mente é essencial, e a prostração é um bom método.

Sustentar a visualização e a mente de refúgio durante um número grande de prostrações é também uma prática de concentração. Reconhecer a vacuidade nas formas dos objectos de refúgio e daquele que se refugia é uma prática de "insight".
Assim, a prostração em si é uma prática completa. E mesmo que uma pessoa tenha como prática apenas a prostração ela pode alcançar o resultado último.

Após as prostrações, sentamo-nos para praticar ou ouvir os ensinamentos, e em alguns casos há instruções sobre dissolver o campo de mérito em nós mesmos, reconhecendo a inseparabilidade entre o temporal que se prostra e o atemporal reverenciado.

Sua Santidade o Dalai Lama, com setenta e cinco anos de idade, ainda faz 300 prostrações por dia.

Com relação ao famoso compromisso de fazer-se 100.000 prostrações, fazendo-se 300 por dia, é possível completar 100 mil num ano. Então não são tantas assim. Com 100 por dia, 3 anos.
E algumas pessoas ainda pagam para ir para o ginásio!
O importante é sempre ir fazendo, mesmo que sejam poucas por dia, 27 ou 7 por dia, ao longo de 10 ou 40 anos, acumulam 100.000.
De facto, o número de 100.000 é arbitrário, e é o mínimo, na tradição tibetana, para se considerar que a pessoa realmente sustentou algum compromisso com o Dharma.
Em geral não são apenas 100.000 prostrações, as prostrações são uma das acumulações numa prática que envolve outras etapas (4 ou 5 práticas diferentes devem ser acumuladas, algumas bem mais de 100.000 vezes).
Por outro lado, algumas pessoas terminam estas acumulações e acham que então podem descansar. Não é o caso. O karma das pessoas é muito vasto e variado. Algumas podem alcançar grandes resultados com pouquíssima prática, mas ainda assim provavelmente faltará algo, então não é motivo para parar enquanto não somos completamente iluminados. Por outro lado, outras pessoas fazem muita prática e obtêm poucos resultados, nesse caso mais ainda elas devem praticar, se elas realmente entendem que o samsara é sofrimento, e que Buda ensinou métodos efectivos.

Caso a pessoa tenha impedimentos físicos reais de fazer prostrações, ela pode pedir ao seu professor alguma prática substituta.
Algumas tradições budistas não enfatizam tanto as prostrações como o budismo tibetano, mas em todas elas as prostrações existem e podem ser feitas, sem dúvida com benefícios.